Transplante de Fígado: Quando é necessário?

Dois fígados e setas azuis

O procedimento é indicado quando o órgão está tão comprometido que não consegue mais exercer suas funções

O fígado é um dos órgãos mais importantes do sistema digestivo, uma vez que ele tem a função de metabolizar e armazenar nutrientes — que só ficam prontos para serem absorvidos e utilizados pelo organismo após passarem por ele.

Mesmo o fígado tendo uma grande capacidade de regeneração, certas doenças provocam insuficiência grave na função dos hepatócitos (células funcionais hepáticas) e podem inclusive levar à necessidade de um transplante de fígado. O paciente candidato a este procedimento é colocado em uma lista única de espera estadual para transplante, de acordo com a compatibilidade sanguínea (Sistema ABO). 

Quando o transplante de fígado é indicado?

O transplante de fígado pode ser indicado quando o órgão se encontra gravemente comprometido e deixa de funcionar. Há indicação para o transplante quando os tratamentos feitos com medicamentos, radioterapia ou quimioterapia não conseguem restabelecer o bom funcionamento do órgão.

Neste caso, o paciente deve continuar realizando o tratamento proposto pelo médico e fazendo os exames necessários (clínicos, laboratoriais, de imagem e avaliações: pré-anestésica, psicológica, dentária e nutricional) até que surja um doador de fígado compatível.

Os exames e as avaliações são realizados para a confirmação diagnóstica, a determinação de outras terapias disponíveis para o tratamento da doença hepática e o descarte de possíveis contraindicações ao transplante hepático.

As principais doenças que podem levar à necessidade de um transplante de fígado são:

  • Cirrose hepática, independentemente da causa da doença, que leve o paciente a ter uma expectativa de vida inferior a 20% ao final de 12 meses;
  • Doenças congênitas, como a atresia das vias biliares, doença de Wilson e poliamiloidose familiar;
  • Insuficiência hepática aguda fulminante;
  • Pessoas com a colangite esclerosante primária;
  • Câncer de fígado.

Tipos de transplante de fígado

Existem dois tipos de transplante de fígado:

  • De doador falecido: neste tipo de procedimento são utilizadas técnicas que preservam a veia cava do corpo falecido. É considerado como doador ideal uma pessoa jovem, sadia, que foi atendida imediatamente após o evento que a vitimou e que não tenha deterioração de órgãos vitais;
  • De doador vivo: a doação feita com um doador vivo consiste em retirar uma ou mais partes do fígado do doador saudávelpara transplante no receptor com doença hepática terminal. O doador também deve ser um adulto sadio, sem nenhuma alteração anatômica. Os riscos para o doador são relativamente pequenos, mas existem.

Como é feita a cirurgia de transplante de fígado?

A fase pré-operatória do paciente inclui uma cuidadosa avaliação do funcionamento de outros sistemas fisiológicos importantes, como o cardiovascular, o neurológico, o respiratório e o renal. O preparo e acompanhamento psicológico dos pacientes e seus familiares são fundamentais para a adequada compreensão e aceitação do procedimento, assim como em sua adesão ao programa de transplante — que, uma vez iniciado, se estende por toda a sua vida.

O transplante de fígado leva, em média, de cinco a oito horas. O fígado doente é retirado por uma incisão no abdômen superior. Posteriormente, o fígado do doador é colocado na cavidade abdominal e os vasos sanguíneos (veias supra-hepáticas, veia porta e artéria hepática) são suturados às respectivas estruturas do receptor.

A última etapa do transplante é a reconstrução da via biliar, que pode ser feita com o ducto biliar do receptor ou com um segmento de intestino.

Após a cirurgia, os pacientes passam um a dois dias em uma unidade de terapia intensiva, se não houver qualquer complicação clínica ou cirúrgica pós-operatória. O tempo de internação hospitalar médio após o transplante de fígado varia de uma a duas semanas.

Como o organismo do paciente percebe o novo fígado como sendo um corpo estranho, nosso sistema imunológico tende a atacá-lo para eliminá-lo. Por isso, o médico prescreve o uso de medicamentos chamados imunossupressores, que evitam a rejeição ao novo órgão.

Depois do transplante de fígado a pessoa pode ter uma vida normal, sendo necessário apenas que ela siga as orientações do médico, seja acompanhada regulamente através de consultas médicas e realização de exames e tenha hábitos saudáveis de vida, evitando o consumo de bebidas alcoólicas e de alimentos gordurosos e praticando atividade física leve, sempre com recomendação médica.

Fontes:

UpToDate;

Hospital Sírio-Libanês;

A.C.Camargo Cancer Center.

Posts Relacionados

HEPATOPROTETORES, DEVO CONFIAR?

Hepatoprotetores normalmente são oferecidos no mercado com a promessa de “fazer detox” e proteger as células do fígado de agentes