Saiba quais são os sintomas, as causas e os tratamentos indicados para esse tipo de câncer de fígado
O fígado é o órgão responsável por exercer algumas das funções mais importantes do organismo. Entre elas, podemos destacar o armazenamento de glicose, a síntese de colesterol, a produção da bile, a produção de proteínas como a albumina e fatores de coagulação sanguínea e a excreção e metabolização de substâncias prejudiciais ao nosso corpo e de alguns medicamentos.
Uma característica interessante do fígado é sua capacidade de regeneração. Se uma pessoa saudável doa até 30% do seu órgão, ele se recompõe totalmente.
Porém, isso não o torna imune a doenças como cirrose, hepatite e câncer.
Em relação especificamente ao câncer de fígado, ele se classifica em dois tipos:
- Primário: quando a doença tem início no próprio fígado;
- Secundário: também chamado de metastático, por ter origem em outro órgão que, conforme a doença evoluiu, se disseminou para o fígado.
O tipo secundário é o que ocorre com mais frequência e que tem origem no intestino grosso ou no reto.
Dentre os tumores iniciados no fígado, o mais comum é o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular (CHC).
O que é o hepatocarcinoma?
O hepatocarcinoma ocorre em mais de 80% dos casos de câncer no fígado e costuma ser bastante agressivo. Geralmente, o hepatocarcinoma vem como evolução de um quadro de cirrose hepática. A cirrose é uma doença grave que pode estar associada ao etilismo e as hepatites virais crônicas. Esses fatores levam a um maior risco de desenvolver um hepatocarcinoma.
Outros fatores que podem aumentar as chances de uma pessoa ser diagnosticada com um hepatocarcinoma são a obesidade, o diabetes, além do hábito de ter uma alimentação inadequada, com alto consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar.
Há casos, ainda, de pessoas que desenvolveram hepatocarcinoma em decorrência da exposição a substâncias como solventes, cloreto de vinila e arsênio, entre outras.
Vale ressaltar que o câncer de fígado não é uma doença hereditária.
Quais são os sintomas do hepatocarcinoma?
O câncer de fígado do tipo hepatocarcinoma é considerado uma doença silenciosa. Quase sempre, em seus estágios iniciais, o paciente não apresenta sintomas. Em geral, alguns sinais começam a surgir quando o hepatocarcinoma evolui. Os principais são:
- Sensação de mal-estar;
- Dor abdominal;
- Sensação de abdome cheio;
- Perda do apetite e de peso sem motivo aparente;
- Acúmulo de líquido no abdome;
- “Massa” palpável na região;
- Inchaço nas pernas;
- Pele e olhos amarelados (icterícia);
- Febre;
- Náuseas e vômitos;
- Vômitos ou fezes com sangue.
Como o hepatocarcinoma é diagnosticado?
Apesar de ser um tipo de tumor agressivo, o hepatocarcinoma, quando detectado em estágio inicial, apresenta boas chances de resposta ao tratamento. O diagnóstico é feito por meio dos seguintes exames, em pessoas com sinais ou sintomas que sugerem a presença de câncer no fígado:
- Ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética;
- Exames de sangue para avaliação dos níveis de alfafeto proteína (AFP);
- Laparoscopia: o exame permite uma visualização do fígado e que, se for necessário, seja realizada uma biópsia, ou seja, remove-se uma pequena parte de tecido do órgão para análise laboratorial. É a biópsia que vai determinar se o tumor é um hepatocarcinoma (maligno).
Já as pessoas que não apresentam sintomas, mas pertencem a grupos de risco para desenvolver o hepatocarcinoma, esses exames podem ser realizados de maneira periódica, com o objetivo de rastreamento.
Uma característica que chama a atenção no hepatocarcinoma é seu rápido tempo de evolução. Em média, o tumor consegue duplicar de tamanho em cerca de quatro meses, tempo esse bem menor quando comparado com outros tipos de tumores malignos.
Hepatocarcinoma: tratamento
O tratamento do hepatocarcinoma será definido caso a caso, considerando as condições clínicas do paciente, sua idade, o estágio e a evolução do tumor e a doença hepática que originou o hepatocarcinoma (cirrose ou hepatite).
Nos estágios iniciais, principalmente naqueles em que o paciente não apresenta cirrose avançada, o tratamento mais indicado é a cirurgia, na qual são removidos o hepatocarcinoma e parte do órgão que foi comprometida pelo tumor.
O procedimento pode ser feito de maneira convencional, ou seja, por cirurgia aberta, ou por laparoscopia, um procedimento menos invasivo, que reduz os riscos de complicações cirúrgicas e proporciona uma recuperação mais rápida e menor tempo de internação do paciente.
Dependendo do caso, o médico pode ainda indicar um procedimento chamado ablação, indicado para os casos em que os tumores tenham de 3 cm a 5 cm, no máximo.
Nele, o objetivo é destruir as células cancerígenas. O cirurgião pode optar entre duas técnicas: usando os chamados métodos químicos, como o uso de álcool, no qual o especialista introduz uma agulha no meio do tumor (o procedimento deve ser guiado por tomografia ou ecografia); ou os métodos físicos, como a radiofrequência ou a crioablação (destrói as células com a aplicação de nitrogênio líquido).
O procedimento pode apresentar complicações, sendo as mais comuns: dor e sangramento. Outra opção pode ser a indicação de transplante do fígado.
Já pacientes que foram diagnosticados com a doença em estágio avançado podem ser tratados com quimioterapia e radioterapia para controlar a progressão do câncer.
É possível prevenir o hepatocarcinoma?
É possível prevenir o hepatocarcinoma porque, na maioria dos casos, ele surge em decorrência de duas doenças que podem ser evitadas: a cirrose e as hepatites B e C. O hepatocercinoma pode ser prevenido das seguintes maneiras:
- Evitar o contágio pelos vírus das hepatites B e C é uma das principais formas de reduzir os riscos de desenvolver o hepatocarcinoma, lembrando que existe vacina contra o tipo B da doença. A transmissão desses dois tipos de hepatite ocorre pelo compartilhamento de objetos contaminados, como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dentes, alicates de unha, instrumentos para uso de drogas, uso de materiais não esterilizados para colocação de piercing e para confecção de tatuagens, entre outros;
- Manter o peso controlado para evitar doenças como o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática) e diabetes;
- Evitar o consumo excessivo de álcool;
- Não fazer uso de esteroides anabolizantes;
- Não fumar e evitar o tabagismo passivo.
Entre em contato com a Dra. Mirella Monteiro e saiba quais são as opções de tratamentos mais recomendadas para o seu caso.
Fontes:
Hepatologista Dra. Mirella Monteiro;
Sociedade Brasileira de Hepatologia;
Instituto Nacional de Câncer (Inca);
Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul.